O problema não são os bancos; o problema é o estado

O problema não são os bancos; o problema é o estado
O estado espanhol não é so capitalista, é um tipo concreto de capitalismo. Que tipo de capitalismo é esse?

O estado espanhol não é so capitalista, é um tipo concreto de capitalismo. Que tipo de capitalismo é esse?  

No meu primeiro artigo para Terra e Tempo já sinalava o estranho feito de não haverem empresas multinacionais espanholas fora de bancos e antigos monopólios do estado. A cousa é ainda mais estranha por haverem, ao mesmo tempo, duas multinacionais galegas, Inditex e Pescanova. As duas, ao contrario de Repsol ou Telefonica, sem moito apoio do estado. Como é que o capitalismo espanhol não é quem de levantar uma multinacional sem os cartos do estado?  

Isto é uma expressão dum problema mais fondo. Que o estado espanhol é o estado duma classe terratenente.    

Os múltiplas trâmites polos que tem que passar calquer persoa que quiser montar uma empresa são outra expressão do mesmo fenómeno. A classe dominante da Espanha não está interessada em mais empresas. Mesmo uma classe empresarial medianamente seria é um estorbo para este estado.    

O negocio dos proprietários deste estado é a terra. Terra para cultivar, terra para construir ou terra para situar empresas. Todo é terra.    

Uma consequência desto é que a propriedade é sagrada e tem que estar nas mãos dos que contam. Na Galiza há demasiado reparto da propriedade, demasiadas comunidades de montes; as cousas não podem seguir assim. Mas tranquilos que Feijoo já está nelo.    

Logo o negocio dos bancos foi sempre a terra. São as hipotecas e não os empréstimos para novas empresas os que moviam cartos. Eram os investimentos na construção e não a criação dum sector industrial os que interessavam aos bancos.    

E já que são os donos do estado são eles os que põem as condições. É por isso que o estado espanhol tem uma lei hipotecária do ano 1912, na que o que se hipoteca são as persoas e não as propriedades. É por isso que a lei hipotecária contem numerosos elementos contrários á Constitución Española sem que a nenhum governo lhe desse por a reformar. É também por isso que os governos espanhóis deixaram aos seus cidadãos desprotegidos no médio da crise.    

A sentença do Tribunal de Justiça da União Europeia véu deixar o caso á vista de todo o mundo. Cando a representante da PAH, Ada Colau, chamou criminal ao representante da Asociación Española de Banca foi repreendida polo presidente da comissão de economia do Congreso da Espanha. Não estava a dizer nenhuma falsidade; os bancos espanhóis levaram anos a aplicar clausulas abusivas nos contratos coa conivência do estado.    

Como será a cousa para que as leis da UE cheguem a parecer progressistas!