O espólio do aforro galego

O espólio do aforro galego
A alternativa defendida polo BNG contemplava outras possibilidades para a criaçom desse Banco Público Galego. Fai falta a vontade política que os partidos estatais nom tenhem

Quando se aborda a problemática do desenvolvimento é um lugar comum na economia referir-se ao papel que deve desempenhar a posta em valor dos recursos endógenos, entre eles os recursos financeiros. A formaçom e a canalizaçom do aforro é sem dúvida um problema fulcral para a formaçom de capital e em consequência para o desenvolvimento dum país.                    

Permitide-me que fale de leite para pôr um significativo exemplo. Galiza produz treze vezes mais leite que a Comunidade Autónoma Basca e sem embargo as indústrias lácteas radicadas na Galiza apenas ocupam menos pessoas que as radicadas na CAB. Produzindo 7% do leite que se produz na Galiza resulta que empregam mais pessoas na indústria láctea, como é possível? Sem dúvida há vários factores que o explicam, um deles é a canalizaçom do aforro basco para a criaçom de indústria no seu território. Tanto no desenvolvimento de Iparlat como de Kaiku as caixas de aforro tivérom um importante papel, bem diretamente participando no capital bem indirectamente apoiando às cooperativas de gandeiros que som proprietárias doutra parte importante do capital. Também o próprio governo basco é proprietário dumha parte significativa do capital. Sem esse papel das entidades financeiras de carácter social, nom público mas tuteladas polas administraçons públicas, seguramente a indústria láctea vasca nom teria alcançado esse nível de desenvolvimento.                  

Toda e todos conhecemos os problemas de financiamento, às dificuldades para aceder ao crédito que afectam às empresas. Umhas dificuldades que venhem agravar o círculo vicioso da crise. As medidas que se fórom adoptando nom fórom quem de corrigir este problema, ao contrário mesmo pudérom agravá-lo, exigindo maiores ratios de capital ou oferecendo na compra de dívida pública um lucrativo negócio cara ao que dirigir às injecçons de liquidez.                  

Na Galiza a restriçom do crédito foi muito maior. Segundo os dados do Banco de Espanha, sem contar o crédito às administraçons públicas, reduziu-se 30% entre Junho de 2009 e Setembro de 2013 frente a 20% no conjunto do Estado.Os mesmos datos ponhem de manifesto que os créditos concedidos na Galiza som menores ao peso que tenhem os depósitos bancários realizados na Galiza. Em Setembro de 2013 os depósitos bancários na Galiza eram 4’8% do total do Estado e sem embargo os créditos concedidos na Galiza eram 3,4%. Algo mais dum ponto percentual que suponhem perto de 15 mil milhons de euros.                        

Estes som dados de 2013 mas nom se trata dum problema que apareça com a crise é um problema que vem de antes. Desde que o Banco de Espanha tem dados publicados na web desagregados por comunidades autónomas, a segunda metade da década de oitenta, o peso da Galiza nos depósitos estivo sempre por riba da percentagem de crédito concedido na Galiza.                  

Na actualidade chegamos ao extremo de que os créditos na Galiza som inferiores aos depósitos. Sem contabilizar às administraçons públicas situam-se em 90% dos depósitos enquanto no conjunto do Estado som 127%, em Andalucia 177% ou em Valencia 145%.                

Noutra orde de cousas os dados do Banco de Espanha também nos permetem comprovar nom só como o sistema financeiro canaliza o aforro cara determinadas zonas mas também como o sistema fiscal centraliza os ingressos em Madrid, 60% dos depósitos das administraçons públicas estám em Madrid em Setembro de 2013 .                      

O sistema financeiro nom responde às necessidades do país, ao contrário veu desempenhando historicamente um importante papel na extraversom do aforro galego. A forte reduçom de crédito que trouxo a crise tornou mais patente um problema que vinha de antes. Um problema que o nacionalismo galego vem denunciando desde há muitas décadas, mesmo quando existia umha banca da administraçom central espanhola que cumpria certas funçons mas que nom evitava o espólio financeiro da Galiza.                    

Nos dous últimos anos assistimos primeiro à compra do Banco Pastor polo Banco Popular e agora à de NCG Banco polo grupo venezuelano Banesco. O aforro galego posto ao serviço de grupos empresariais foráneos, espanhóis ou nom, para que o utilizem como quiser. Neste último caso com umha muito generosa aportaçom de fundos públicos, mais umha vez socializam-se as perdas.                              

Sabemos que existiam alternativas a essa venda. O BNG vem demandando a criaçom dum Banco Público Galego. Esta proposta podia efectivizar-se através de três vias, umha delas era a conversom num banco público de NCG Banco. As cifras da venda de NCG Banco mostram-nos que essa proposta era economicamente viável. O tratamento recebido por Bankia evidenciam que se trata dumha questom de vontade política e ponhem de manifesto a discriminaçom cara Galiza do PP. Umha discriminaçom que conta com a anuência do PP na Xunta. As palavras de Feijoo ou do conselheiro de Economia que nos dias prévios à venda se limitou a dizer que isso nom era competência do governo galego e que “logicamente” eles se limitavam a esperar a avaliaçom que figesse o FROB som claras: abandono do país e submissom a Madrid.                      

O caminho de converter NCG Banco num Banco Público Galego nom era a única via para dotar-nos dessa ferramenta económica fundamental para impulsar o desenvolvimento, a alternativa defendida polo BNG contemplava outras possibilidades para a criaçom desse Banco Público Galego. Fai falta a vontade política que os partidos estatais nom tenhem.