Resistindo entre a bigorna e o martelo

Resistindo entre a bigorna e o martelo

Estamos invadidos pelos eucaliptos, rodeiam-nos. Esta espécie forânea invadiu de modo desmesurado a floresta, assenhoreando-se das nossas fragas. Apesar de não ignorar os riscos que acarreia a sua florestação desmedida, continua-se realizando dum jeito irresponsável e continuado, favorecendo a expansão desta árvore em detrimento das autóctones.

No concernente a este assunto, o habitual é manter o comportamento obstinado de virar as costas. Afiguram estar letárgicos, na indolência. Obviamente, também há pessoas, coletivos que trabalham em prol da restrição, mas são bem poucas. Indubitavelmente o eucalipto segue a ter adeptos e segue-se plantando. Especialmente pelo seu rendimento económico a curto prazo. A pesar de que, é uma das espécies que favorece mais a propagação dos lumes e que germinam com muita facilidade nos solos queimados. Assim que, a destruição continua assolando, castigando a terra. Sofremos a depredação do nosso habitat natural, com terríveis incêndios que devastaram e devastam os nossos montes. Os lumes envolvem-nos na triste realidade da assolação: A Ribeira Sacra, Parque Natural do Gerês, Mondariz, Redondela...estes e outros lugares emblemáticos da nossa terra seguem ardendo cada ano. Até quando teremos que suportar esta situação?.

Há uma grave agressão ambiental e os governos não fazem nada, seguem impassíveis. Enleados em outras coisas. E o povo resiste entre a bigorna e o martelo, luta contra a adversidade. Ele só, com as suas mãos. Entretanto, os responsáveis políticos atravessam as pantalhas, com a única intenção de figurar nas cenas mais apropriadas e fazem teses sobre a casualidade e causalidade. Eles dizem, falam, mas não fazem nada. A inépcia é tão evidente que semelha ter mais importância reprimir aos cidadãos que salvar a terra. Para a repressão sobra dinheiro e médios, mas para salvar a vida dos nossos ecossistemas não. Isso semelha que não importa a ninguém. Dão mostras que só anseiam sacar o maior benefício da desgraça e carentes de remorsos, criam lei de montes à medida das suas expectativas.

Observando a insídia, uma sente que habita numa estrutura de ineptos parlamentários. Onde não há nenhum indício de resoluções. Tudo é vazio, oco. Unicamente uma evidente escassez de médios técnicos e pessoais. Nos desastres a fraude cresce, enche os bolsos dos delinquentes de turno.

Em cima das feridas abertas continuam as transações monetárias, deitadas nos canhotos ardidos, sobre a vida que desaparece. E a nós, ferem-nos as imagens horríveis da destruição, a dor anuvia o horizonte, chamusca-se entre os talhos agoniantes e as carvalheiras com o tempo, passam a formar parte duma lembrança, a linda visão da inexistência.