O passado segue aí, inalterável

O passado segue aí, inalterável

Amiúde surge a sensação de que nada cambia, que todo segue igual. Parece que os dias permanecem envoltos numa escuridade atroz e há um halo putrefacto que nos asfixia. A luz semelha uma candeia a ponto de extinguir-se, que nos submerge nas covas insurrectas da manipulação. O sistema continua Implantando uma cegueira propícia, a idónea que nos mantenha mansos, confinados no redil e para isso existe ao nosso dispor infinidade de médios que nos entretenham, que nos evadam da realidade. Obviamente as situações não mudaram, são idênticas e as mesmas vítimas sucumbem a cotio baixo a tirania dum análogo opressor.

Seica vivemos num estado democrático, de bem-estar, no que se respeita a diferença, a pluralidade, e asseguram que existe a liberdade de expressão, mas dificilmente se pode acreditar nesta afirmação quando frequentemente observamos que a supremacia persiste com a teima de enforcar qualquer indício de autonomia. Infelizmente ainda existem demasiados casos de injustiça que batem feramente e se encarniçam com os mais febles. A lei afigura ser um arma de dobre fio, implacável, retrógrada para com o estrato mais oprimido da sociedade. De facto, o injustiçoso segue habitando entre nós, agachado, oculto trás o espelho desvirtuado, falaz. Envolvido na perfeita camuflagem dum suposto estado igualitário. Continua sem dizer adeus, inalterável ao nosso carão batendo-nos com a suas leis afeitas, adequadas a um sistema autoritário.

As liberdades são restringidas desde um marco fictício, inventado pelo comité de turno, com a única intenção de consolidar a perseguição contra os povos que só procuram a sobrevivência. Ele teima em impor os mesmos roles arcaicos, legislando baixo os preceitos trasnoitados do anteontem. Obviamente não se representa a todos com idêntica equidade. Há preceitos acaçapados baixo a letra miúda duma carta magna e lamentavelmente possuímos a infortunada certeza de que o mundo segue dividindo-se em tiranos e oprimidos.

Quiçá haja ocasiões nas que uma pense que caminha para adiante, com a direção exata, o rumo anelado procurado desde há muito tempo. Talvez, haja ainda um vestígio de esperança, mas quotidianamente as máscaras caem e as faces mostram-se com a visibilidade autêntica do fascio. Ainda assim, uma deturpada informação incide perigosamente até obscurantizar-nos de modo irremediável.

O passado segue aí sem dizer adeus, inalterável ao nosso carão batendo-nos com a suas leis afeitas, adequadas a um sistema autoritário. As liberdades são restringidas desde um marco fictício, inventado pelo comité de turno, com a única intenção de consolidar a perseguição contra os povos que só procuram a sobrevivência.

Quando vemos a televisão, ou lemos a imprensa nacional, temos a inquietante impressão de viver noutra época, bem afastados da liberdade. A realidade existente dista muito da que nos querem vender. Sentimos que somos espetadores alucinados pelas artimanhas que concebem com a finalidade de abater-nos. Às vezes semelha que presenciamos um filme de ciência ficção. Uma historia irreal, inexistente. Com a duração limitada duma curta-metragem. Sem embargo, as fendas estão aí, visíveis, tocam-che a carne, desgarram-te, palpas a desumanidade nas feridas, nas mortes, no maltrato. Bate-nos na boca do estômago a crueldade e a injustiça.

Os conflitos são vistos com o prisma que mais lhes convém aos governos existentes. O tempo passa, mas a condição humana permanece inalterada. Ainda que não pareça, hoje em dia o classicismo é patente, perdura encoberto. O déspota obstina-se em usar a primazia sobre uma sociedade debilitada e inevitavelmente assistimos de cotio às tragédias fomentadas pela desídia da autocracia.