O novo catastrofismo: Mike Baillie

O novo catastrofismo: Mike Baillie

Calquera que passar pola faculdade de História recordará que um dos enigmas da história contemporânea é a fim das grandes epidemias no século XVIII, antes de existirem as vacinas e os antibióticos modernos. Os livros de história dirigidos ao grande público tendem a omitir esse “antes”. O autor do que falamos hoje tem uma resposta ao enigma: as grandes epidemias da Antiguidade e a Idade Média e Moderna foram algo mais que epidemias; estiveram implicados impactos ou quase impactos com cometas.

Destacados astrônomos como sir Fred Hoyle já levavam tempo propondo que algumas enfermidades procediam do espaço. Mesmo dous astrônomos: Victor Clube and Bill Napier, escreveram um livro titulado The Cosmic Serpentde 1982, no que propunham que a Terra fora impactada por cometas e fragmentos de cometas em época histórica e que esses impactos foram a orige de lendas coma o combate de Zeus e Tiphon. Mas o curioso é que o autor de quem falamos hoje não é astrônomo nem cousa semelhante. Mike Baillie é um professor emérito da universidade de Belfast e a sua especialidade é a dendrocronologia.

Dendrocronologia: as árvores não mentem

A dendrocronologia é uma técnica de datação que emprega os anéis das árvores para achar uma sequência absoluta: cada anel do tronco duma árvore corresponde cum ano e cando não é assim a comparação de várias árvores permite descobrir que anéis faltam. A utilidade deste método é dupla, por um lado permite datar as peças de madeira que aparecem em escavações arqueológicas mas por outra parte o grosso dos anéis da indicações fiáveis de como era o clima de cada um destes anos.

Durante a comparação de troncos de árvores para conseguir uma cronologia para os carvalhos da Irlanda, começaram a aparecer grupos de anéis anormalmente finos que indicavam que o clima desses anos tivera algo moi raro é catastrófico. E esses grupos de anéis podiam-se datar: 2345 a.C , 1628 a.C , 1159 a.C , 208 a.C e 536 d.C. Mas não se limitavam a um ano concreto: o evento de 1159 a.C durou mais de dez anos, e os demais arredor de sete ou oito a exceção do de 208 a.C que foi mais curto.

Exodus to Arthur: cinco datas destacadas:

A que correspondiam estas datas? Ó acontecimento mais parecido que se registrava era à erupção do monte Tambora no 1815 que lançou tal cantidade de cinzas á atmosfera que reduziu as temperaturas, até o estremo de que 1816 foi recordado em moitos países da Europa como o ano sem verão e produziu anéis anormalmente estreitos nos anos 1816 e 1817. As colheitas foram ruins e houve fame em vários países, pode-se supor o desastre que seriam vários anos seguidos com pó na atmosfera, e isso sem contar co resto dos efeitos duma erupção. A consequência disto foi que se pensasse que estes desastres climáticos correspondiam com erupções moi fortes.

E num dos casos a erupção estava identificada case desde o primeiro momento: o vulcão da ilha de Thera ou Santorini era o correspondia coa catástrofe de 1628 a.C, e os seus efeitos corresponderiam coas pragas que se citam no Êxodo. Mas o resto das datas não tem a dia de hoje um vulcão que poder explicá-las sem dúvidas. Baillie começou a buscar por outro lado e chegou á conclusão de que as fontes: chinesas, gregas, latinas etc que falavam de prodígios no ceo nestas datas estavam tratando de descrever o passo dum cometa moi próximo á Terra com efeitos semelhantes aos da explosão de Tunguska no 1908. O resultado foi o seu livro mais importante: Exodus to Arthur publicado no 1999.

Nele Baillie identifica a série de datas com câmbios e colapsos em vários pontos do mundo. Em concreto o evento de 1628 a.C daria lugar á fim do Império Médio no Egipto, da dinastia Xia na China entre outros. Ó evento de 1159 a.C séria a causa do fim da dinastia Shang na China e do colapso do mundo mediterrâneo que rematou co Império Novo egípcio, o império de Hatti e a Grécia micénica entre outros. Ó evento de 208 a.C deu lugar a fome em vários países pêro não se identificou colapso nenhum. Por último o evento do 536 d.C corresponde, entre outros,coa praga da época de Justiniano da que o império bizantino nunca chegou a recuperar-se. Compre sublinhar que na Galiza coincide cum valeiro de mais de cinquenta anos na história do reino dos suevos.

Outros livros

Durante um ano sabático Baillie iniciou dous novos livros. O primeiro The Celtic Gods: Comets in Irish Mythology em colaboração com Pat McCafferty saiu no 2005 e foi uma ampliação do tema anterior centrado nos deuses irlandeses. Ó motivo deste trabalho é a constatação de que os anais irlandeses, como o Lebor Gabála Érenn, que a maioria dos historiadores consideram pouco de fiar ou diretamente invenções contém relatos de fome e outros desastres que casam coas datas das árvores. Como calquer cousa com Celtic no título o livro vendeu-se bem e está fora de catálogo.

O outro livro saiu mais tarde e agrega uma nova data a da Peste Negra de 1347–1348. Ó título New Light on the Black Death: The Cosmic Connection tenta demostrar que boa parte do que conhecemos como a Peste Negra não pode ser devido a uma epidemia de peste bubónica. Entre outros defeitos da explicação, a peste bubónica transmite-se principalmente por contacto coas ratas infectadas o por pulgas e não de persoa a persoa. Precisaria dum número enorme de ratas para matar á terceira parte da população europeia mas os esqueletos das ditas ratas não aparecem por parte alguma nas escavações.

Conclusões

Já temos visto que uma destas datas coincide cum oco na documentação sobre o reino dos suevos. Seria moi interessante tentar cadrar o resto das datas co registro arqueológico da Galiza.

Outra conclusão importante, e nada tranquilizadora, é que nada nos garante que eventos semelhantes não se vaiam produzir no futuro. De feito a explosão de Tunguska no 1908 poderia repetir-se não sabemos cando. E a próxima igual não acontece num espaço desabitado no médio da Sibéria…