No cárcere… na Inglaterra

No cárcere… na Inglaterra

Vão-me perdoar que hoje lhes fale de história antiga: uma multa por excesso de velocidade no 2003, nada menos. Há cousa de três anos um ex-ministro dos liberais-democratas de nome Chris Huhne foi condenado a ir ao cárcere por mentir á policia. A coisa foi mais ou menos assim:

-No 2003 o automóvel de Huhne recebeu uma multa por excesso de velocidade. A sua esposa, Vicky Pryce declarou que era ela a que conduzia.

-No 2010 Huhne decidiu deixar a sua mulher por outra. A sua mulher pediu o divórcio.

-Em Maio do 2011 a ex-mulher de Huhne contou a um jornalista que era Huhne quem conduzia o auto no 2003 e que a pressionara para dizer que fora ela.

-Huhne demitiu do governo em fevereiro de 2012 cando foi acusado.

-Em fevereiro de 2013 Huhne declarou-se culpável e foi sentenciado a oito meses o mesmo que a sua ex-mulher, dos que chegou a cumprir dous.

Com que, no Reino Unido, um ministro pode ter que demitir, e mesmo ir ao cárcere, por mentir sobre uma infração de trânsito. E como estão as cousas no Reino de España?

-O 3 de abril de 2014, Esperanza Aguirre estacionou irregularmente num carril bus da Gran Vía de Madrid para sacar cartos dum caixeiro automático.

-Dous agentes de polícia tentarão impor-lhe uma multa. Aguirre fugiu co seu auto derribando a motocicleta dum dos agentes. Segundo ela não foi intencionado.

-Os agentes, perseguirão a Aguirre até o seu domicilio. Ali um Garda Civil da escolta de Aguirre recebeu a multa.

-Aguirre desculpou-se por Twitter.

-Em Janeiro de 2015 o caso foi sobreseido, o que significa que não chegou a ir a juízo.

-Em Março de 2015 foi designada por Mariano Rajoy candidata á alcaldía de Madrid.

Agora provem a imaginar a mesma sequência de acontecimentos substituindo Esperanza Aguirre por Esperanza Pérez caixeira de supermercado. Como, que não podem? Em fim, uma cousa que levo ouvindo muito tempo é aquilo de que a democracia espanhola é dum tipo totalmente homologado com “los paises de nuestro entorno”. Não sei eu cal será o tal “entorno”, mas é seguro que não chega até a Inglaterra.

Com isto não pretendo dizer que a democracia britânica seja maravilhosa nem cousa semelhante, basta com olhar a política coa Irlanda, entre outros moitos exemplos. Mas é uma democracia, e isto não é só, nem principalmente um problema das leis ou das instituições. A diferença mais importante é a cidadania. Cando foi o escândalo das dietas do parlamento britânico os partidos tiveram que tomar medidas por que os votantes de todos os partidos estavam a pressionar aos seus parlamentários. Aqui Esperanza Aguirre e o seu partido contam com que há gente que a vai a seguir votando faça o que fizer, e não se equivocam por moito.

Eis vai outra cousa que levo a ouvir muito tempo mas á que penso que não se lhe presta a atenção suficiente: E a culpa de quem é? Dos que votam ao PP. Em lugar de culpa, seria melhor falar de responsabilidade. É menos moralista e compromete mais a fazer algo. Pêro a rima é o que tem…

Uma última reflexão: cantos cargos do PP, no governo, na Xunta, nos concelhos, nas deputações… estariam em perigo de ir ao cárcere noutro país; por algo, que no Reino de España, não se considera nem delito, cando o fai um alto cargo. É como para pensá-lo.


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Nota da Fundación Bautista Álvarez, editora do dixital Terra e Tempo
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