Justiça, injustiça?


Estamos começando este mês de janeiro um “novo ano”, mas este início ao meu parecer, não pinta nada bem, pois há factos que seguem a bater com força e crueza nesta estrutura que segue a ser tão desigual.

Seica estamos no século XXI, que trocamos de ano, de mês, de dia… mas os conceitos: justiça, injustiça, ao parecer estão desvirtuados. Delinquentes, violadores, ( pertencem a todos os estratos sociais) ficam livres na rua e seguem com as suas vidas, como se não passara nada. Entretanto as mulheres são desacreditadas, incriminadas.

Nesta altura, vemos como seguem a surgir frentes na nossa contra. Vêm duma escuridade que criamos superada. Fazem política acima dos corpos violentados, insultam-nos, batem-nos, assassinam-nos e organizam comícios, escrevem panfletos com o sangue espalhado das nossas congéneres. Com o nosso sangue.

Como é possível seguir crendo numa justiça que atua deste modo?. A dura realidade cai de golpe e fere atrozmente e às vezes sentes-te como uma ré, depositada nas aras do sacrifício do fascio.

Este, continua a ser um tempo pretérito, no que ainda não foi possível erradicar todas as barreiras, tanto educacionais como jurídicas. Resulta evidente que este sistema carece dos requisitos mais indispensáveis que façam possível a nossa liberação, o passo definitivo a uma igualdade real, a uma mudança tão necessária.

Mas isto não resulta fácil, quando as pessoas que estão destinadas a ditar sentenças não semelham fiáveis, já que de jeito incompreensível, decidem julgar às vítimas e absolver aos agressores. Creio que resulta evidente que o Código Penal têm demasiadas anomalias e que quiçá haja juízes que não estão sensibilizados com este problema, ou o suficientemente preparados para aplicar justiça em delitos de violência de género.

Ante tantas deficiências, uma sente que a sensação é demasiado agre, aceda. Ainda assim, a coragem caminha a par nossa, toma as ruas, manifesta-se, luta, lutamos!...

Infortunadamente, ainda somos servas dum status patriarcal. Permanece entre as vítimas o letargo. Nada semelha diferente. Coexistem na suposta civilização, os errados preconceitos do passado. Esta é uma sociedade que ainda conserva em alcanfor os elementos mais retros da falocracia.