Laverca


Este artigo vem motivado por um publicado o sábado passado por Xose Luis Mendez Ferrin na sua coluna O fondo dos espellos no Faro de Vigo.

O artigo colhe a palavra galega laverca, que conta com cognatos nas diferentes línguas germânicas mas é diferente da forma usual nas línguas romances—espanholalondra, francês alouette — e conclue que é de orige germânica — o que é lógico — e que as palavras de orige germânica próprias do galego-português, e que não aparecem noutras línguas peninsulares, tem que proceder da emigração dos suevos no século V. Isto, como nos recorda Ferrin, não é novo; trata-se duma proposta do linguista alemão Meyer-Lübke a princípios do século XX. Bom suposto de partida, mas não tem porque ser correcto em todos os casos, e no caso de laverca não parece acertado.

Para começar, há uma dificuldade geral: os limites do galego-português não casam bem cos do reino suevo. Este último colheria boa parte do território de fala astur-leonesa e aí deviam aparecer os límites. Se as palavras são de orige sueva alguns dialectos leoneses deviam possuir estas palavras germânicas e outros não.

Mas neste caso concreto há uma dificuldade maior, que os exemplos que dá Ferrin contradizem a tese do artigo: no alemão e lerche, no inglês lark, no inglês antigolaverce, no dinamarquês laverch, e no islandês laavirik. O motivo é zona de procedência dos suevos.

Os suevos eram um povo originário da parte centro e sur da Alemanha, incluída a Suabia moderna http://en.m.wikipedia.org/wiki/Suebi. Este território está no domínio do alto-alemão e a palavra que corresponderia num dialecto dessa zona seria a alemã lerche e não uma palavra como laverca que se parece mais as palavras escandinavas, ao inglês antigo ou ao holandês leeuwerik.

Logo ou os suevos não eram de donde todo o mundo di que eram ou essa palavra concreta não vem dos suevos. E se não vem dos suevos, de onde vem?

Esto não supõe que não há outras palavras do galego que procedam dos suevos, mas neste caso parece improvável. Mesmo Ferrin é consciente do problema cando cita o parecido da palavra alemá lerche coa galega lercha, cum significado diferente. A pronúncia é diferente, o ‘ch’ do alemão pronuncia-se como a nossa gheada, mais o câmbio seria explicável.

Seguimos a mirar a nossa história com ante-olhos da Meseta e coidamos que a gente e mais as palavras não podem vir mais que por terra. Mas, dos exemplos que põe Ferrin, os que mas se parecem ao galego estão na beira-mar. Ao contrário do que tendemos a pensar as viajes por mar eram antigamente mais fáceis, mais seguras e mais rápidas que por terra, e também podiam levar mais carga .

A Galiza estava inserida numa rota comercial por mar que a comunicava coa beira oriental do Mediterrâneo por um lado e coas ribeiras da Escandinávia e o Mar Báltico por outro. Nada impede que por essa rota comercial chegasse gente e com eles as suas palavras. E pola forma que tem laverca parece que véu das beiras do Mar do Norte e não do interior da Alemanha.

As influências germânicas no galego não se limitam á língua dos suevos. Há influências no galego de orige inglês ou escandinavo, e noutra ocasião tocará falar delas.



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