De onze em diante


As línguas romances ocidentais conservam os restos dum sistema de conta dos números até vinte que é diferente ao dos números maiores de vinte. A esta altura a serie está incompleta, já que faltam os últimos números: a partir do quinze no galego, noutras línguas como o francês e o catalã chegam até o dezassete (setze). Em todos os casos, os últimos números, dezoito e dezanove, tem uma forma completamente diferente e que coincide coa latina.

Onze, doze, treze, catorze, quinze


Cada umha destas palavras tem umha primeira parte cos números um a cinco, e umha segunda: -ze que significa dez. Isto é semelhante ás formas inglesas desde treze, thirteen, até dezanove nineteen. Co que resulta evidente que a estrutura das palavras é a mesma e que a terminação -ze é a equivalente do inglês -teen.

Por tanto: on- equivale a um, do- é dous, tre- é três, cator- é catro, quin- é cinco. -Como de antigos som estes números? Mais que as variantes normais, já que nom som transparentes para a maioria dos falantes.

As formas som case iguais no noutras línguas romances co que podemos estar diante dum estrato comum, cando menos as línguas romances ocidentais. Mas neste artigo não imos tratar o tema.

E outra cousa: em que idioma estam?


De centrarmos no exemplo do romance hispânico há dous números que podemos identificar: cator- para catro e quin- para cinco. Estes números parecem de orige gaélico pola reduçom de qu- a k-, tanto no galego como no castelhano, ainda que o português normativo não tem este traço. Se o caso for semelhante no resto de línguas romances, entom estariamos diante da prova dum substrato gaélico no romance. No gaélico da Escocia estes números são:

- Dez: deich, deichnear
- Onze: a h-aon-deug
- Doze: a dhà-deug
- Treze: trì-deug
- Catorze: ceithir-deug
- Quinze: còig-deug
- Dezaseis: sè-deug

Fica claro que a estrutura das palavras romance é igual que as célticas, a diferencia principal é a eliminação do artigo em onze e doze. Pero que se conserva na expressão uma ducia. Por outra parte a ducia, media ducia etc, é um sistema de conta que deve ser posterior por dous motivos:

1.- Está pensado para se poder dividir entre dous, três e catro de maneira exacta.
2.- Emprega-se case exclusivamente na compra-venta. Por exemplo uma ducia de sardinhas, de ovos ou de pasteis.

Por tanto, se cator(ze) é anterior a quatro, o normal é que Cando seja anterior a Quando e assim o resto. E não só no galego-português, no castelhano é ainda mais evidente: é catorce pêro cuatro. A duplicidade resulta tão incómoda na norma portuguesa que se admite quatorze como correcto.

A forma -ze para dez, mesmo se pronunciada ze e nom the, só se explica por umha evolução te => the => ze. Há umha língua céltica: o bretão, que seguiu essa mesma evolução. Em calquer caso, um sistema de conta onde os números de dez a vinte seguem umha regra diferente aos números do vinte en diante é que conserva traços dumha orige vigesimal, outra característica destacada das línguas célticas.

Por tanto os números que empregámos todos os dias ocultam formas da língua que são fósseis de estratos anteriores e não hão ser as únicas.