Celtas sem circo


Parece que o artigo sobre o nome do Ézaro tocou algum nervo, porque temos um artigo enteiro adicado a criticar a posição que estou a expor nesta serie de artigos. Não me considero obrigado a defender ideas que não são as minhas, e seria de agradecer que o senhor Baxter tentasse entende-las antes de as criticar. Por veces um tem a impressão de que se estão a levantar homes de palha para melhor malhar neles.

O começo não tem desperdício:

Tamén é indiscutíbel que a antiga Galiza fose colonizada por antigos pobos celtas, falantes dunha variedade hispanocéltica das hoxe desaparecidas linguas celtas continentais, aparentadas indirectamente coas goidélicas (antigo irlandés, gaélico moderno de Irlanda, Escocia e a Illa de Man).


Não sei bem por onde comezar. Colonizada? Quem fala de colónias? A teoria tradicional falava de invasões e foi-se desacreditando cando as provas das ditas invasões não apareceram. Não apareceram aqui nem na Irlanda, nem na Grande Bretanha. O que levou ao debate sobre o conceito de celtas no cambio de século, em que uma serie de arqueólogos britânicos (Simon James, John Collis, entre outros) propunham eliminar o modelo —não há celtas—. A resposta foi o modelo “Celtic from the West” de Cunliffe e Koch, que recuperava uma proposta de Colin Renfrew dos anos 80: que as línguas celtas teriam-se formado na fachada atlântica da Europa. E isto sem entrar na Teoria da Continuidade Paleolítica de Alinei, entre outros, que se formula polas mesmas datas. Que a diferencia entre celta continental e insular não esta clara já se tratou aqui. Menos mal que isto era o indiscutível.

A continuação vem o de que o galego é uma língua romance; ninguém dixo outra cousa. O problema é como chegou aí; e que língua ou línguas se falavam antes. Uma consideração:
- Despois de 500 anos de dominação espanhola, com vontade clara de eliminar a nossa língua, o galego está a deixar de ser nesta altura a língua da maioria dos galegos e mesmo essa situação era reversível até há bem pouco. O motivo da campanha anti-Galego das eleições do 2009 era que temiam um cambio de tendência.

- Pola contra o modelo de formação do da Língua Galega pressupõe que o Império Romano foi quem de eliminar a língua que falavam os galaicos em 400 anos e sem deixar rastro dela. E isto sem radio, televisão, imprensa ou escola pública; e mesmo sem pôr moito interesse.
Como o anterior resulta moi duro de crer normalmente não se fala do tema. Porque haveria que concluir que o modelo teórico da formação das línguas romances, e nomeadamente do galego, já passou a data de caducidade. Uma exposição mais completa terá que agardar a outro artigo.

,Continua cuma lista de traços característicos das línguas celtas que achega, e que considera inexistentes no galego sem as ter investigado. Dous exemplos:

- Resulta difícil de crer que alguém poida dicir que o paradigma do galego é sujeito/verbo/objeto, sem mais. Não se precisa buscar moito para dar com exemplos de frases co verbo diante, de feito vai ser objeto doutro artigo.
- O artigo cita uma chea de exemplos de outras línguas é consegue não decatar-se de que em nenhuma delas o verbo estar é uma cópula, fora do gaelico e o grupo galego-português/astur-leonês/castelã/aragonês. Mesmo no catalã o significado de estar é o mesmo que o do inglês stand (parar num sítio).
Um problema e que não acabo de entender a importância que lhe dá ao adjectivo glas:
- Primeiro porque a situação que refere não existe mais que no bretão: a forma básica no galês é gwyrd/gwerd (galês m/f), sendo glas a secundaria. A situação no gaélico é ainda mais complicada.

- Segundo, e mais importante, porque os nomes das cores são bastante pouco de fiar para estabelecer parentescos;pola influencia dos câmbios na maneira de os produzir. Por exemplo, vermelho sae de verme. O caso da cor azul é bastante complicado, já que a palavra galega ou castelá e diferente da geral nas linguas romances: catalã blau, francês bleu, inglés blue. Naturalmente, isto não implica que o catalã seja parente mais próximo do inglês que do galego.

Em fim, para melhorar “a necesaria investigación neste ámbito” as universidades galegas tiveram vinte anos. Bastava enviar alguns bolseiros a se formar em línguas célticas e convidar algum profesor estrangeiro. Vão-me perdoar que agarde sentado.

Segundo a escala de Gandhi: Primeiro eles te ignoram, depois riem de você, depois brigam, e então você vence. Parece que as risas começam a soar ocas e case não tocamos a toponímia —que é cando a cousa se põe divertida—