EUA, o Dia chegará...


O imperialismo norte-americano quer impor ao mundo um domínio absoluto e incontestado. Agora, com Trump e o seu séquito de falcões e fascistas, procura vergar e abater toda e qualquer resistência indo ao ponto de fazer pairar sobre o mundo a ameaça nuclear. É inquietante que os principais países capitalistas, assim como a União Europeia e o governo minoritário do PS, considerem os EUA «indispensáveis» à sua segurança e à segurança internacional.

Entretanto o peso internacional deste ainda poderoso país está em declínio, razão aliás para a violenta contra-ofensiva que tem na guerra económica, tecnológica, militar e ideológica contra a China a sua mais perigosa expressão, guerra que está a ter grande impacto na economia mundial e no próprio sistema de relações internacionais. Ao contrário da vulgata que circula nos grandes órgãos de comunicação na Europa que, demarcando-se formalmente da actual administração se ajoelham diante do imperialismo norte-americano, a situação económica e social dos EUA está bem longe do idílico quadro pintado por Trump ao anunciar a sua candidatura às eleições presidenciais de 2020, reclamando uma expansão económica e uma taxa de desemprego recorde.

Na realidade os EUA continuam a braços com uma dívida externa colossal que só a ditadura do dólar permite aguentar e o sistema financeiro está ameaçado pelo endividamento das famílias e a formação de enormes bolhas financeiras – imobiliário, estudantes e outras - que, como em 2008 com a crise do «subprime», podem a todo o momento rebentar. Os índices relativos à situação social são reveladores. De acordo com dados da 31.ª Convenção Nacional do Partido Comunista dos EUA recentemente realizado em Chicago, a taxa de desemprego, incluindo os milhões que desistiram de procurar emprego e os sub-empregados, atinge os 37% sendo duas vezes maior entre os afro-americanos; salários e rendimentos estão há muito estagnados ou em declínio; aprofunda-se brutalmente a polarização social com 1% das famílias abocanhando 40% da riqueza do país; 41 milhões de pessoas são pobres e 18 milhões muito pobres; a esperança de vida diminuiu e a mortalidade infantil é o dobro da de Cuba; 0,5 milhões de pessoas vivem na rua. Tudo isto sem esquecer que não existe um serviço universal de saúde e de segurança social, que nas prisões (em geral privadas) estão 2,3 milhões de pessoas, que morrem 70.000 pessoas por ano por consumo de drogas.

Estes são alguns dos traços da verdadeira situação dos EUA que nos procuram esconder. O dinheiro gasto com o mais poderoso exército do mundo e com as 800 bases militares em território estrangeiro melhor seria que o fosse para dar resposta à gravíssima situação de injustiças e desigualdades sociais do país. É verdade que essa não é a lógica do sistema, ninguém espere milagres das próximas eleições. Mas uma coisa é certa: na sequência das suas honrosas tradições de luta, os trabalhadores e o povo norte-americano concretizarão a profecia inscrita no belo memorial aos mártires do 1.º de Maio de 1886 em Chicago: Chegará o dia em que o nosso silêncio se tornará mais poderoso que as vozes que hoje estais a calar.



O orixinal atópase en Jornal Avante!